quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Calcanhar de Aquiles

Mais uma vez, como a mitologia pode nos ensinar sobre a saúde e doença.


Aquiles era o melhor e mais belo dos heróis gregos que participaram da guerra de Tróia. Parte de sua eficácia em batalha advinha de sua invulnerabilidade, adquirida quando sua mãe, Tétis, o mergulhou no rio estinge. Aqueles que se banhassem neste rio não poderiam ser feridos onde a água os tocasse. Para que seu filho, ainda bebê, nao se afogasse, Tétis o segurou pelos calcanhares, e então esta foi a única parte de seu corpo que poderia ser ferida.

Nenhum mortal sabia sobre seu ponto fraco, mas os Deuses gregos sabiam. Como um herói quase invulnerável que era, venceu todas os combates dos quais participou, matando neste processo um dos filhos de Apolo, além de Heitor, príncipe de Tróia. Páris, irmão de Heitor, dispara então uma flecha, que é guiada por Apolo em direção ao calcanhar de Aquiles, e o mata.

Nota: Apolo era o deus da medicina na Grécia. Seu filho, Asclépio, ocupava esse posto na mitologia romana, diferente do já escrito no texto anterior. Apolo era tembém deus do tiro com arco. Também uma lenda semelhante a essa pode ser encontrada na mitologia nórdica, com o herói Siegfried, ou Sigurd, além de outras mitologias, sempre com um ponto vulnerável pelo qual o personagem é morto.

Novamente, a "moral da história" pode ser aplicada à medicina de forma geral. Todos nós, incluindo nossos animais, possuímos uma espécie de calcanhar de aquiles no corpo. É aquele ponto onde a doença normalmente se manifesta, como em animais que são frequentemente acometidos por otite, ou vômitos, sempre quando a saúde cambaleia. Este ponto não necessariamente é fixo, pois poderá mudar conforme o estágio da vida no qual o animal se encontra. Se este é um órgão vital, como os pulmões ou o coração, é bastante provável que uma afecção neste ponto culmine, algum dia, com a morte do animal.

Saber qual é este ponto sensível na saúde mostra ao homeopata o local mais importante para focar o seu tratamento, já que sempre que um distúrbio se manifestar em um animal, será por ali. Isso permite que estejamos sempre um passo a frente da doença, sabendo de antemão qual medicamento servirá em casos agudos para aquele paciente em especial. Também esse fator permite observar com melhor precisão a evolução de uma enfermidade, pois se algum órgão menos vital do que o primeiro começar a manifestar com mais frequência a doença, durante o tratamento, é sinal de que os riscos à vida do animal diminuem, e desta forma, pode-se dizer que o medicamento foi eficaz.