sexta-feira, 27 de maio de 2011

O caso do Tiquinho

Margareth Lucy Tyler(1875-1943) foi uma homeopata inglesa. Ela clinicou em Londres no difícil período da segunda guerra mundial, já no final de sua vida. Mesmo durante esse tempo, ela se manteve espirituosa e fiel a prática de uma Homeopatia correta. Pelo menos é isso que se pode inferir a partir de seus escritos, onde ela esbanja bom humor e conhecimento.

Em um de seus textos - How not to practice Homeopathy (como não praticar a Homeopatia) - ela diz a seguinte frase, que não sei se é dela mesmo ou se apenas reproduziu alguma coisa comum na época:
"Maldições (lançadas) e prescrições ruins sempre voltam".

Realmente, quando prescrevemos o medicamento errado (ou a potência, ou a frequência), temos muito trabalho. Primeiro em aceitar que erramos e tomar a decisão de alterar a nossa primeira escolha, e a segunda em escolher um medicamento que tanto resolva o problemas que causamos quanto o original pelo qual fomos chamados.

Mas o que acontece quando não temos um retorno do que ocorreu com o paciente? A própria Margareth Tyler diz os melhores tratamentos nós só sabemos que funcionaram anos depois. Não é realmente parte da nossa cultura, ou da cultura britânica também, aparentemente, retornar ao médico só para dizer que está bem. Então de duas, uma: ou o paciente melhorou a ponto de não mais precisar de tratamento, ou o proprietário (no caso veterinário) não gostou do que fizemos. E ficamos assim, às escuras, por tempo indeterminado.

Mas esse dias eu tive a oportunidade de ter uma surpresa agradável. Um cão que eu estava tratando - o Tiquinho - costumava ter um acesso de falta de ar no período da noite, aproximadamente as 23:00h. Ficava agitado com isso e queria andar pela casa. Os proprietários acordavam com isso, pois além do barulho, o animal desejava permanecer com a dona, além é claro da preocupação que os tomava.

Tiquinho já tinha sido tratado por bastante tempo antes de eu visitá-lo (um ano se não me engano), sem resultados. No início do tratamento com Homeopatia, a proprietária me ligava constantemente, com razão, pois os medicamentos não estavam surtindo efeito como o esperado. Até que em um dado momento as ligações cessaram. Fiquei por bastante tempo pensando o que poderia ter acontecido. Será que a minha falta de conhecimentos fez com que mais uma pessoa se iludisse com a Homeopatia?

Até que essa semana recebi a ligação da dona do animal, me dizendo que ele tinha melhorado muito. As crises praticamente não existem mais. Ela estava bastante satisfeita, dizendo que a princípio não acreditava na Homeopatia, de tanto que se ouve falar que não funciona, mas que pelo tempo que ele se tratava com Alopatia, sem resultados, resolveu experimentar, pela recomendação de uma amiga dela que me conhece.

Enfim, diferente do que muitos acreditam, a Homeopatia não é questão de crença, pois nem o Tiquinho e nem sua dona a tinham, e mesmo assim o tratamento surtiu efeito. E mais uma vez eu pude me satisfazer com a prática que escolhi, pois apesar da minha pouca experiência, ainda, é possível auxiliar em curas nas quais as esperanças, muitas vezes, já haviam sido abandonadas.

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