terça-feira, 6 de dezembro de 2011

As famigeradas OTITES

        
Malassezia pachydermatis otitis externa, dog. Courtesy of Dr. Stephen White (
http://www.merckvetmanual.com/mvm/htm/bc/eeoe01.htm)

        Decidi escrever esse post devido ao alto número de interjeições que escuto quando digo que no caso de uma otite, o cliente deve me ligar, pois não é aconselhável misturar terapias opostas como homeopatia e alopatia. 
         "Nossa! Mas homeopatia também serve para casos agudos?" É o que segue na conversa. 
     Acho que explico isso para 90% de meus clientes. Os que não se sentem seguros a seguir minhas orientações, acabam retornando a ligação com a queixa do retorno de sintomas que já haviam desaparecido (mais profundos).   Os que seguem minhas orientações à risca acabam me dando mais interjeições: "Nossa! Como melhora rápido! Nem parece que a orelha dele estava tão ruim ontem!"
        Algumas explicações.
        As otites são consideradas sintomas de eliminação, ou seja, aparece assim que um sintoma mais profundo começa a ser mexido no sentido da cura. Não é só a homeopatia que faz isso. Além de veterinária homeopata, sou consultora comportamental e no passado trabalhava somente como consultora e adestradora. Eu percebia que a maioria dos cães ansiosos, depois de submetidos ao tratamento comportamental (controle de ansiedade, broncas e recompensas) acabava desenvolvendo coceira ou otite (alguns também diarréia). O cão se acalmava sim com o treinamento, mas aparecia algum desses novos sintomas. Então o tutor acabava relatando que o cão sofria de otites recorrentes mesmo (forma naturalmente usada pelo corpo para aliviar o sintoma cerebral/mental).  De fato, depois do aparecimento da otite (tema deste post), o cão ficava mais calmo, mas como a medicina tradicional vê tudo em caixinhas bem separadas, o tutor acabava levando o cão para o vet alopata que obviamente fazia o que sabe: passar um medicamento para acabar com a otite. Depois disso a pessoa acabava até me ligando antes da próxima aula (de adestramento) relatando um retorno na ansiedade e uma dificuldade em aplicar o treinamento. Com o tempo, percebi que eu chegava na próxima aula e a otite não estava mais lá. Depois liguei os fatos: treinamento/terapia comportamental, seguida de melhoria de sintomas de ansiedade (mental) com aparecimento de otite. Tratamento localizado da otite, retorno da ansiedade. Essa equação nunca teve meio termo na minha experiência (podemos usar a mesma equação para casos de diarréia ou coceira na pele).
       Portanto, sendo a otite um sintoma de eliminação de processos mentais (portanto mais internos), só pode ser curada com estímulo semelhante, ou seja, sob as leis da homeopatia. Depois do tratamento correto, dificilmente voltarão a aparecer tanto a ansiedade quanto a otite. A cura é rápida, nos meus pacientes nunca demorou mais que 24h para que o animal melhorasse de forma completa.
       Usei esse exemplo para falar de cura de doenças agudas, pois muitas pessoas (tutores, adestradores, veterinários) podem ter a chance de observar esse binômio "sintomas mentais - otites" e perceber como a doença, quando não curada, fica caminhando dentro do corpo do indivíduo. É só parar para observar

OBRIGADA Pela atenção!
Alessandra Caprara

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Ceticismo, objetividade e Homeopatia


Uma síntese útil sobre a grande maioria dos críticos da homeopatia.

Pseudo-ceticismo

O termo pseudo-ceticismo ou ceticismo patológico é usado para denotar as formas de ceticismo que se desviam da objetividade. A análise mais conhecida do termo foi conduzida por Marcello Truzzi que, em 1987, elaborou a seguinte conceituação:
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".[15]
.
Em sua análise,[15] Marcello Truzzi argumentou que os pseudo-céticos apresentam a seguinte conduta:
  • A tendência de negar, ao invés de duvidar.
  • Utilização de padrões de rigor acima do razoável na avaliação do objeto de sua crítica.
  • A realização de julgamentos sem uma investigação completa e conclusiva.
  • Tendência ao descrédito, ao invés da investigação.
  • Uso do ridículo ou de ataques pessoais.
  • A apresentação de evidências insuficientes.
  • A tentativa de desqualificar proponentes de novas idéias taxando-os pejorativamente de 'pseudo-cientistas', 'promotores' ou 'praticantes de ciência patológica'.
  • Partir do pressuposto de que suas críticas não tem o ônus da prova, e que suas argumentações não precisam estar suportadas por evidências.
  • A apresentação de contra-provas não fundamentadas ou baseadas apenas em plausibilidade, ao invés de se basearem em evidências empíricas.
  • A sugestão de que evidências inconvincentes são suficientes para se assumir que uma teoria é falsa.
  • A tendência de desqualificar 'toda e qualquer' evidência.
O termo pseudo-ceticismo parece ter suas origens na filosofia, na segunda metade do século 19.[16]

15.    ↑ a b "Marcello Truzzi,. On Pseudo-Skepticism" Zetetic Scholar (1987) No. 12/13, 3-4.
16.    Charles Dudley Warner, Editor, Library Of The World's Best Literature Ancient And Modern, Vol. II, 1896. Disponível no Projeto Gutenberg

Retirado do link:    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceticismo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Contágio da Ignorância

Tive a oportunidade de ir ao cinema essa semana. Assisti um filme chamado Contágio, que é um bom filme, mas poderia ser melhor se não fosse por alguns detalhes que retiram um tanto da sua credibilidade. O texto a seguir conta algumas passagens do filme para poder comentá-las, e não é aconselhável a leitura se você deseja ver o filme e não gosta de saber o final antecipadamente.

O filme se baseia na ideia que ganhou força recentemente de um vírus mutante causando uma epidemia de grandes proporções na humanidade. Este vírus teria uma mistura genética de outros vírus, causando uma combinação peculiar capaz de atingir uma alta propagação e mortalidade em um tempo extremamente curto. Já houve doenças terríveis na história da humanidade, como o peste negra e a gripe espanhola, é provável que um dia este fato se repita.

O filme tenta manter um ar de verossimilhança, com uma grande quantidade de informações médicas e termos técnicos. O problema é que no momento de concluir o filme, tudo isso se perde. Os protagonistas desenvolvem uma vacina em menos de quatro meses, o que é absolutamente inviável. Mesmo com a premissa do filme, de evitar uma parte dos testes com uma decisão arriscada, a inoculação na própria médica que a desenvolve, ainda assim o prazo foi quimérico. Também é ignorado o fato de que toda vacina tem uma janela imunológica, ou seja, um prazo para que começe a gerar a suposta imunidade. É por isso que, mesmo na Alopatia não vemos tratamentos com vacinas, somente prevenções.

Em outros momentos, o filme traz um jornalista que questiona a veracidade das informações da OMS e dos governos, indicando alternativamente um medicamento chamado forsítia. Mais adiante, citam que este agente seria homeopático (o que eu não consegui confirmar, talvez exista este medicamento nos E.U.A.). Segue próximo ao término do filme que o jornalista em questão estava enganando as pessoas e lucrando com isso. A situação não criticou diretamente a Homeopatia, mas estimulou um desentendimento e um preconceito, desnecessariamente. Se quem quer que seja pensa que o objetivo final dos homeopatas seja lucrar, precisa rever seus conceitos. Com certeza é o de alguns, e existe tanto charlatanismo na Homeopatia quanto na Alopatia. Mas o mercado de Homeopatia gera menos lucro nos E.U.A. do que o mercado de esmaltes para unhas gera no Brasil, uma economia indiscutivelmente mais fraca.

Mesmo considerando ser um filme, é necessário alguns cuidados, pois o público leigo não tem conhecimento destas limitações de técnica. Ao tentar manter a ligação com a realidade, o filme pode dar uma aparência enganosa do que seja a medicina. Mais importante, deve-se ter cuidado sobre o que se fala, para não incorrer no risco de gerar preconceitos na população, um erro grave quando se é um formador de opinião, como os produtores do filme. A não ser, é claro, que tal associação tenha sido proposital...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Olá!

Trago hoje um texto de Sócrates, um diálogo de Platão à Cármides - Sócrates: diálogo de Platão; Cármides; 156 b, c, d.

Ele aborda, na forma corriqueira de um diálogo, uma observação fundamental, postulada posteriormente como um dos pilares da Homeopatia: o entendimento que um corpo vivo é um todo, e não uma soma de partes, e que assim deve ser considerado pelo médico ou pelo veterinário que o aborda.

Atualmente, somos maciçamente levados a acreditar que a especialização do conhecimento nos levou a grandes avanços científicos e que o especialista é o verdadeiro homem de ciência. Para tudo devemos consultar um especialista. Em medicina ou em veterinária, por exemplo, podemos até acreditar que somente um oftalmologista é capaz, ou é o melhor profissional para tratar um glaucoma.

O especialismo foi mais o resultado de uma conciliação entre diversas tendências práticas, financeiras e comportamentais conduzidas pela modernização do que propriamente um aprimoramento do conhecimento.

Em medicina, e podemos imaginar na veterinária também, o especialismo foi e é a grande saída para o médico poder ganhar mais e trabalhar menos.

Vamos ao texto! Boa leitura!

"- Isso me alegra, lhe disse: fico mais à vontade para explicar-te em que consiste a fórmula mágica, pois até há pouco eu me sentia em dificuldade para revelar-te sua virtude. É de tal modo constituída, meu caro Cármides, que não serve para curar apenas a cabeça. decerto já ouviste falar de bons médicos : quando alguém vai consultá-los a respeito de dor de olhos, dizem que não podem tratar os olhos isoladamente; para que os olhos aproveitem, é preciso cuidar simultaneamente da cabeça: do mesmo modo, imaginar que seja possível tratar só da cabeça, sem levar em consideração o corpo todo, é rematada tolice. Com esse raciocínio, determinam suas prescrições para todo o corpo, esforçando-se em tratar e curar a parte juntamente com o todo. Ou não observaste que é assim que eles falam e que as coisas se passam desse jeito?
- Perfeitamente, respondeu."

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Medicina e a Religiosidade

Antes de mais nada, me parece importante deixar claro que o foco do texto não é fundir os dois aspectos em discussão. A técnica deve ser, sempre, isenta de conceitos religiosos em seu cerne, caso contrário deixaria de se estruturar como ciência, por mais eficiente que possa vir a ser. A sua construção deve seguir princípios metodológicos, experimentais, como a verdadeira Homeopatia faz, tendo seu foco no resultado prático, apesar deste último ainda estar sujeito ao paradigma cultural de cada indivíduo, no que diz respeito se o considera favorável ou não.

Porém, tanto o terapeuta quanto o paciente, no nosso caso o responsável por tal, não estão isentos de suas próprias concepções metafíscas, ou da ausência delas, e isso de maneira nenhuma deve ser considerado um entrave. Pelo contrário. Quando lidamos com saúde, muitas vezes até no fim de suas forças, o conforto que uma crença em particular, não importa qual seja, ou até um conforto filosófico, no estilo "me esforcei para auxiliar da melhor maneira" deve sempre ser valorizado.

Como prestadores de serviço ou contratantes deste mesmo, nos comportamos de maneira prática, mas como pessoas que somos, compreendemos o mundo através de nossas lentes específicas. Frente à doença ou ate à morte, é saudável que reajamos de acordo com tais lentes, a partir do momento em que a técnica já tenha sido utilizada corretamente e nada mais exista para se fazer dentro dela.

Isto leva ao ponto vital desta questão. Não importa quais são as concepções do homeopata*, considerando que ele é a parte menos envolvida emocionalmente no caso, pois não possui uma relação afetiva duradoura com seu paciente, como no nosso caso tem o proprietário, deve ele sempre respeitar a opinião de seu interlocutor no que diz respeito à religiosidade. Deve tentar consolá-lo, se necessário, dentro de seus próprios termos. Deve conhecer seu paciente, ou o responsável por ele, suficientemente bem para auxilia-lo em momentos difíceis de se passar, onde muitas vezes se é tido como fonte de esperança ou pelo menos de alívio. Para tanto, deve ser livre de preconceitos e tolerante, como, aliás, todos os seres ditos racionais deveriam ser.



*Isto deveria se aplicar a qualquer profissional de saúde. Ao adentrar o mundo médico, o indivíduo deveria refletir sobre todo o sofrimento com o qual se encontrará. Não é o caso, porém, da maioria dos profissionais da área, que a vêem somente como um ganha pão, e não serei eu o louco de pedir isso a uma profissão cada vez mais mecânica e menos humanitária.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

MAIS MOTIVOS PARA NÃO CONTRATAR MEU SERVIÇO (VERSÃO CAMILA) DE MÉDICA VETERINÁRIA HOMEOPATA:

1. Se você não tem a menor vontade de fazer a retirada ou a diminuição dos medicamentos alopáticos sob a minha cuidadosa orientação;

2. Se você espera que a Homeopatia seja apenas um adjuvante no tratamento alopático;

3. Se você acha que eu não peço exames necessários;

4. Se você tem a certeza de que suplementos vitamínicos e minerais não são medicamentos, não têm impacto negativo sobre a saúde e que eles "fortificam" o animal;

5. Se você acha a minha consulta simples demais, podendo até suspeitar de que eu não sou veterinária (rsrsrs).

6. Se você se incomoda com o fato de que eu posso consultar livros durante a consulta.

Abraços,
Camila Steck

O caso do Tiquinho

Margareth Lucy Tyler(1875-1943) foi uma homeopata inglesa. Ela clinicou em Londres no difícil período da segunda guerra mundial, já no final de sua vida. Mesmo durante esse tempo, ela se manteve espirituosa e fiel a prática de uma Homeopatia correta. Pelo menos é isso que se pode inferir a partir de seus escritos, onde ela esbanja bom humor e conhecimento.

Em um de seus textos - How not to practice Homeopathy (como não praticar a Homeopatia) - ela diz a seguinte frase, que não sei se é dela mesmo ou se apenas reproduziu alguma coisa comum na época:
"Maldições (lançadas) e prescrições ruins sempre voltam".

Realmente, quando prescrevemos o medicamento errado (ou a potência, ou a frequência), temos muito trabalho. Primeiro em aceitar que erramos e tomar a decisão de alterar a nossa primeira escolha, e a segunda em escolher um medicamento que tanto resolva o problemas que causamos quanto o original pelo qual fomos chamados.

Mas o que acontece quando não temos um retorno do que ocorreu com o paciente? A própria Margareth Tyler diz os melhores tratamentos nós só sabemos que funcionaram anos depois. Não é realmente parte da nossa cultura, ou da cultura britânica também, aparentemente, retornar ao médico só para dizer que está bem. Então de duas, uma: ou o paciente melhorou a ponto de não mais precisar de tratamento, ou o proprietário (no caso veterinário) não gostou do que fizemos. E ficamos assim, às escuras, por tempo indeterminado.

Mas esse dias eu tive a oportunidade de ter uma surpresa agradável. Um cão que eu estava tratando - o Tiquinho - costumava ter um acesso de falta de ar no período da noite, aproximadamente as 23:00h. Ficava agitado com isso e queria andar pela casa. Os proprietários acordavam com isso, pois além do barulho, o animal desejava permanecer com a dona, além é claro da preocupação que os tomava.

Tiquinho já tinha sido tratado por bastante tempo antes de eu visitá-lo (um ano se não me engano), sem resultados. No início do tratamento com Homeopatia, a proprietária me ligava constantemente, com razão, pois os medicamentos não estavam surtindo efeito como o esperado. Até que em um dado momento as ligações cessaram. Fiquei por bastante tempo pensando o que poderia ter acontecido. Será que a minha falta de conhecimentos fez com que mais uma pessoa se iludisse com a Homeopatia?

Até que essa semana recebi a ligação da dona do animal, me dizendo que ele tinha melhorado muito. As crises praticamente não existem mais. Ela estava bastante satisfeita, dizendo que a princípio não acreditava na Homeopatia, de tanto que se ouve falar que não funciona, mas que pelo tempo que ele se tratava com Alopatia, sem resultados, resolveu experimentar, pela recomendação de uma amiga dela que me conhece.

Enfim, diferente do que muitos acreditam, a Homeopatia não é questão de crença, pois nem o Tiquinho e nem sua dona a tinham, e mesmo assim o tratamento surtiu efeito. E mais uma vez eu pude me satisfazer com a prática que escolhi, pois apesar da minha pouca experiência, ainda, é possível auxiliar em curas nas quais as esperanças, muitas vezes, já haviam sido abandonadas.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

10 Motivos para você não contratar meu serviço de Médica Veterinária Homeopata

Olá! Escrevo neste blog há pouco tempo e decidi, por mim mesma, Alessandra, escrever uma lista de 10 motivos para que você desista de me chamar para tratar seu animal de estimação. Essa idéia não é de minha autoria originalmente e adianto que o que vou escrever aqui pode não servir para os colegas que compartilham do espaço.
Aí vão:


1. Ser hipocondríaco e transferir isso para seu animal.
2. Achar que coceira é o fim da picada e se desesperar com qualquer cocozinho mole.
3. Pensar que qualquer espirro do cão é motivo para um remedinho.
4. Ter a certeza que homeopatia é medicina natural ou bolinha de açúcar ou ainda um remédio.
5. Ter a segunda certeza que a homeopatia trata apenas disturbios comportamentais.
6. Se você não for aberto a novos conhecimentos ou achar que já sabe tudo.
7. Se você só quer provar que a homeopatia não funciona.
8. Se você pensa que o mais importante é estar belo por fora.
9. Se a homeopatia é sua última esperança e você espera um milagre em 3 dias.
10. Se você quer uma homeopatia para pulgas.

Mais ou menos isso aí. Claro que existem outros motivos, mas acredito que os principais estão escritos! Se tiverem mais idéias escrevam :D

Abraços

sexta-feira, 18 de março de 2011

Quando levar seu animal ao Vet Homeopata?

          Para o texto não ficar muito simples e apenas com estas palavras: sempre e só nele, vou desenvolver algumas idéias e tirar algumas dúvidas.

          Primeiramente, como já escrito em posts anteriores, é incoerente, no mínimo, tratar qualquer ser vivo com mais de uma arte médica. Então, se você leva seu animal ao vet tradicional, faça isso sempre, aprenda e entenda porque você faz isso, porque no final das contas, o pior de tudo e fazer algo e não saber exatamente o porque.
          Se você decide levar seu bicho ao homeopata para:

  •           tratar o emocional
  •           fazê-lo viver mais
  •           usar uma medicina natural
  •           tratar a doença crônica dele
  •           porque já fez de tudo e não deu certo
  •           etc.

          Pense muito bem, pois os resultados podem não ser exatamente o que você espera.
          Então vamos lá: Por que devo levar meu animalzinho ao vet homeopata?
          Porque você já pesquisou e leu o suficiente para perceber que a homeopatia segue leis naturais de cura e se utiliza de medicamentos apropriados para seu fim OU porque você ouviu falar que é uma medicina completa que realmente cura e está disposto a estudar mais sobre ela para ficar seguro com o tratamento.
          Esses são motivos razoáveis, mas a gente pode ir mais pra frente: decidi tratar meu animal com um vet homeopata porque busco a cura dele.

          Meu objetivo principal como veterinária homeopata é educar a pessoa que me procura para essa arte médica, pois realmente os resultados dela são muito diferentes dos objetivos que a maioria esmagadora das pessoas têm hoje.
          As pessoas buscam o alívio imediato para o sofrimento, como um carpe diem da saúde. Não importa quais as implicações do que faço para me aliviar, mas o que quero realmente é me livrar disso que me impede de viver normalmente, mesmo que implique em uma mudança drástica na minha vida ou que gere problemas futuros, como dependência.
          A pessoa que busca a homeopatia, busca a cura, não importando o que deverá passar para alcançá-la e tendo a certeza que o alívio será permanente depois do tratamento.
           Quanto mais medicamentos o ser vivo ingeriu antes do tratamento homeopático, normalmente mais demorado é o tratamento.
          Na homeopatia os seres vivos também morrem, portanto se seu cão é velhinho ou terminal de algum mal tratado por anos na medicina convencional, achar que um homeopata poderá milagrosamente retirar tudo que é sofrimento do animal e reestabelecer sua vida plena em pouco tempo é no mínimo cruel com o profissional. Tudo tem seu tempo e contra ele não há artifícios.

           Então leve seu animal a um veterinário homeopata não como medida complementar, pois a homeopatia não é medicina complementar, mas como uma conduta única. Não esqueça de ler sobre as leis de escolhas de um médico. Caso o veterinário homeopata sinta necessidade de uma intervenção cirúrgica ou de um exame complementar, eles serão solicitados certamente.
           Todos temos o direito a uma segunda opinião, mas se você leva seu animal a um homeopata e pede a segunda opinião para um médico convencional, não espere conclusões semelhantes, pois as medicinas que eles praticam já são antagônicas e talvez eles concordem apenas em: sim, isso é um cão, sim ele está vivo.
           Não se confunda e não confunda o organismo do animal, pergunte tudo que quiser ao médico homeopata, se ele for realmente um bom médico terá o maior prazer em responder tudo que souber.

          AHhhhhh... MAs homeopata trata piometra? Não é cirurgico? Resposta: Não é cirúrgico, e sim, o homeopata trata com medicamentos.
          E intoxicação por alguma substância que ele tenha ingerido? O efeito é muito lento para essas emergências. Resposta: não, não é lento e sim, trata a intoxicação assim como picadas de inseto ou animais peçonhentos com os mesmos cuidados da intervenção ser rápida.
          E cancer? Precisa retirar? E as metástases? Resposta: quase nunca precisa retirar e o tratamento é medicamentoso.
          E se meu cão for atropelado, tiver fratura exposta? Resposta: Aí ele vai precisar de um cirurgião que repare seus tecidos e o tratamento medicamentoso fica por conta do homeopata, a cicatrização será rápida.

         Olhem, direto de Ville Chamonix, o caso do Bóris com sarna demodécica e a Sookie também! Vejam o trabalho de um bom homeopata e olhem a fotinho dos dogs! :)
         Caso Bóris
         Caso Sookie

          Mais alguma dúvida? Pode postar!

          Abraços

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Cirurgias na Homeopatia

                                                           Fonte:  http://migre.me/3UdYk

          Olá!!! Voltamos aqui para esclareceu um assunto controverso e novamente cutucar paradigmas.
Terei que concordar com os céticos: a homeopatia é um sistema médico limitado! Sim! Ela não substitui a cirurgia! Jamais, numa situação em que o corpo precise de uma intervenção cirurgica, poderemos nos furtar a indicá-la. Quem assim o fizer, apenas demonstrará o quanto não conhece da Arte que quer praticar.

          Neste momento já vejo vários tipos de reação dos leitores: indignação dos que protegem a homeopatia a todo custo, suspiros de felicidade e contentamento emitidos pelos semi-céticos, e risinhos de canto da boca dos céticos curiosos, pois há os que sequer se dão ao trabalho de ler sobre aquilo que criticam.

          Agora vamos ao que interessa: o que então seria um caso cirúrgico eletivo? Algumas respostas óbvias: tumores (câncer em geral) de preferência no início pra evitar metástase, sem esquecer a borda de segurança; calculo renal, vesical (na bexiga), uretral, ureteral; hérnias; cálculo dentário (em animais); piometra; varizes; etc. Poderíamos nos perder aqui nas opções. MAS a lista é muito menor do que se imagina, pois toma-se por cirúrgica a solução para doenças crônicas que normalmente recidivam. Quase a totalidade das afecções que eu citei acima não são passíveis de cirurgia e sim de tratamento.

          Agora alguns já devem parar de ler e chutar a parede (rs), mas é a realidade. Quem for forte pra continuar a ler, poderá trocar um pouco a lente com a qual olha o mundo. O paradigma é o que nos torna cegos tomando por verdade aquilo que sequer paramos pra questionar.

          Tumores (câncer): caso não seja obstrutivo, compressivo ou cause qualquer outro tipo de dano mecânico ao paciente, não deve ser retirado e sim tratado medicamentosamente. O corpo que desenvolve um tumor, já, na maioria das vezes, possui um metabolismo que não está dando conta de debelar as células que se multiplicam de forma inadequada (o que ocorre diariamente em todos nós), ou seja, o sistema imune não enxergou as células alienígenas e não as eliminou, elas cresceram. Se já temos um sistema imune um tanto prejudicado e que está, na medida do possível, contendo o espalhamento destas células pelo organismo (metátase) e submetemos o indivíduo a um processo cirúrgico, ou seja, cortamos, mexemos, suturamos, damos antibióticos e antiinflamatórios o que se pode esperar? Primeiro: a cicatrização é um processo inflamatório, que depende, para sua ocorrência, do sistema imune. Este já está debilitado no indivíduo e é, neste momento, fortemente solicitado. O que se espera que aconteça ao tumor que antes estava sento contido na medida do possível? Não é à toa que vemos seguir cirurgias de remoção de tumores, intensas metástases.
         Com o tratamento homeopático, estes tumores ficam restritos ali por anos, mantendo a qualidade de vida do ser vivo.
          Agora a parte mais chata: muitas vezes precisamos remover uma parte do tumor, pois o mesmo causa algum dano mecânico no organismo. Não diz respeito À remoção do tumor, mas à liberação daquilo que impedia a vida. E quando precisamos desta intervenção, não achamos quem a faça, pois é preferível proceder com a eutanásia ou observar o animal definhar por não poder defecar ou deglutir, ou ainda não poder respirar.
          O bom-senso deveria falar mais alto que protocolos.

          Cálculos em vias urinárias: a primeira pergunta seria - "Por que estes cálculos aparecem aí?" Pois bem, eles aparecem, não por acúmulo disto ou daquilo, ou ainda por simples alteração de pH urinário, senão poderiam aparecer em qualquer lugar desde os rins até a uretra. Mas os cálculos podem aparecer apenas em um destes lugares. O motivo primordial do aparecimento de cálculos está na sensibilidade do tecido do órgão em que ele aparece. Então se é na bexiga, temos que o seu tecido está sensível, inflamado, antes de tudo. Então de que adianta retirar cirurgicamente o cálculo? Já é sabido que esta afecção tem alta reincidência, portanto é óbvio que o tratamento cirúrgico não parece o mais adequado. Formação de cálculos é um sintoma de doença crônica, portanto passível de tratamento medicamentoso.
         MAS algumas vezes precisamos lançar mão do procedimento cirúrgico: quando os cálculos são grandes demais para passarem pelo ureter (caso sejam produzidos nos rins) ou pela uretra (se tiverem origem na bexiga). Com o tratamento, ou o cálculo é reabsorvido ou eliminado mecanicamente, então ele deve ter um tamanho compatível.

          Piometra: Não existe a menor necessidade de se operar uma cadela com piometra, com simples tratamento medicamentoso esta afecção se reduz. Caso fechada, se abre e drena, caso aberta ocorre a saída do pús e a redução da infecção uterina. A castração da cadela só faz desviar o órgão de choque, pois a moléstia não foi debelada.

         Cálculo dentário ou tártaro: não faz o menor sentido, pois se trata de manifestação de doença crônica, portanto recidiva, escovando ou não os dentes do animal.

         Fraturas: Caso a fratura peça um pino, este sim deve ser colocado. E o tratamento medicamentoso deve seguir para favorecer a cicatrização óssea de forma organizada.

         Retirada de corpos estranhos, suturas também são momentos que pedem intervenção cirúrgica.

         De qualquer forma todos os animais que serão submetidos a um procedimento cirúrgico devem ser tratados medicamentosamente e o uso de outras substâncias são totalmente dispensáveis. Apenas fica como necessária a administração dos anestésicos gerais no momento da cirurgia.

         Agradeço agora a atenção e aguardo críticas, cometários, etc.

Abraços!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DA ALOPATIA À HOMEOPATIA (continuação)

Terminei o texto anterior com uma breve introdução sobre o Vitalismo. Irei retomar essa explicação e tentar mostrar como ele se difere do paradigma mecanicista.
O Vitalismo é o suporte filosófico da Homeopatia. Segundo o Dr. Galvão, o Vitalismo entende que a vida é o resultado da ação sobre a matéria de algo extrínseco a ela, de natureza energética ou não material, mas que se observa existir no ser vivo e não existir no não vivo, sendo esse “algo extrínseco” condição necessária à manutenção da vida. Podemos, portanto, chama-lo de Energia ou PrincípioVital. Encontra-se presente em todo o corpo, até nas unhas, pêlos e cabelos, distribuído por todas as sensações e funções.
No Vitalismo, o funcionamento dos componentes mecânicos (tendões, articulações, por exemplo), hidráulicos (vasos, sangue, linfa), elétricos (impulsos nervosos), bioquímicos (interação de um hormônio ou íon no receptor da membrana de uma célula, por exemplo) dos seres vivos, no estado de saúde ou de adoecimento, é conseqüência da expressão do Princípio Vital, ou seja, este último manifesta-se por meio dos elementos físico-químicos do organismo.
Nesse ponto, encontramos uma divergência entre o Vitalismo e o mecanicismo. Como já foi dito no primeiro texto, sob o prisma do mecanicismo, o organismo nada mais é que um complexo arranjo de sistemas mecânicos, hidráulicos, elétricos, etc. Todos os fenômenos da vida se resumem às manifestações físico-químicas, e, no estado de doença, é simplesmente esse arranjo que está funcionando fora de padrões generalistas (valores de referência de exames), sem considerar algo mais profundo, hierarquicamente superior a essa desarmonia.
Por outro lado, o Vitalismo leva em consideração, prioritariamente, o Princípio Vital para explicar os fenômenos que ocorrem em seres vivos nas ocasiões de saúde e de doença, sem reduzi-los apenas e exclusivamente à esfera da bioquímica.
A filosofia vitalista é quase tão antiga quanto a Medicina. Surgiu quando os mais antigos filósofos se preocupavam com a origem, destino e funcionamento dos organismos. A manifestação da vida era motivo de reflexões, observações e experimentações, por meio das quais se pôde (e se pode até hoje) perceber, sentir e reconhecer o Princípio Vital.
As mesmas constatações estavam presentes em diversas civilizações antigas sem que houvesse influência de uma sobre a outra. Entre os chineses, por exemplo, encontramos o conceito de Ch’i, que significa “gás ou éter” e denota o sopro vital, ou energia que anima o cosmo. Na Grécia Antiga, entre os pré-socráticos, havia o predomínio da visão vitalista na concepção de natureza, assim como nas declarações de Tales de Mileto, Anaximandro também de Mileto, Anaxágoras e outros.
Posteriormente, Hipócrates, conhecido como o pai da Medicina, nascido em 460 a.C., sintetizou essas idéias vitalistas que foram sendo, ao longo dos tempos, reconhecidas também por Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino, Santo Agostinho, São Tomaz de Aquino, Paracelso e muitos outros.
Mas foi no século XVII, na França, que Barthez apresentou um conceito de Princípio Vital , que seria “a causa que produz todos os fenômenos da vida no corpo do homem”. Por esse conceito observamos a idéia de unidade e individualidade do sistema fisiológico, tão fragmentado dentro da lógica mecanicista. Essa mesma idéia é compartilhada pelo Sistema Homeopático.
Por fim, todo esse contexto serviu como base para que Samuel Hahnemann (1755-1843), médico que sistematizou a Homeopatia, formalizasse as bases vitalistas do seu novo sistema médico.
O vitalismo de Hahnemann pode ser claramente observado no parágrafo 9º da sua obra “Organon da Arte de curar”:
“No estado de saúde, a força vital de natureza imaterial (autocracia), que dinamicamente anima o corpo material (organismo), reina com poder ilimitado e mantém todas as suas partes em admirável atividade harmônica, nas suas sensações e funções.”
Completando o raciocínio no parágrafo 11º: “... É somente o Princípio Vital, perturbado por uma determinada anormalidade, que pode fornecer ao organismo as sensações desagradáveis e impeli-lo a atividades irregulares às quais chamamos de doença.” Na prática, isso significa que, quando um ser vivo adoece, por exemplo, de gastrite, antes de o estômago estar afetado, quem está doente é a sua Energia Vital.
Considerando o Princípio Vital no processo de saúde e doença, é sobre ele que o médico, ou o veterinário, deve agir, porque somente dessa forma ele estará agindo efetivamente na causa da doença e conseguirá enxergar o individuo como um todo, com suas peculiaridades - o que também acaba sendo essencial para uma cura completa - e não apenas como uma soma de partes. Assim é na Homeopatia.
Quando não fazemos isso, quando queremos apenas localizar uma doença e corrigi-la bioquimicamente estamos apenas impondo ao Princípio Vital a necessidade de deslocar a doença para outro órgão, dentro do tempo e das possibilidades constitucionais de cada ser.
É fundamental que essas diferenças sejam esclarecidas quando passamos a procurar um tratamento homeopático, tanto para nós quanto para nossos amigos bichos, pois estamos muitas vezes e involuntariamente mergulhados em um paradigma mecanicista. Precisamos sair dessa ótica e observar a realidade com mais liberdade de escolha.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Pseudo-ceticismo

"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."

Voltaire, filósofo francês, 1694-1778


Todos nós, humanos que ainda valorizamos mais as opiniões pessoais do que fatos, deveríamos agradecer quando encontramos resistência e críticas às nossas ideias. É justamente isso que faz com que nos dediquemos mais profundamente aos estudos, criando alicerces mais sólidos do nosso conhecimento na tentativa de contra-argumentação.

No dia 5 de fevereiro de 2011, ocorre no Brasil uma cópia do que já foi feito em Londres, algum tempo antes. É uma tentativa de suícidio com ingestão de grandes quantidades de medicamentos dinamizados, por parte de difamadores da técnica. Esses mesmos se intitulam céticos, mas não sabem sequer a definição do termo que usam.

Dentro do ceticismo científico, ao qual acham se aproximar, existe a necessidade de uma avaliação rígida e metodológica antes de se afirmar a veracidade ou não de seu objeto de estudo. No ceticismo, a dúvida e estudo rigoroso devem vir antes da negação, caso contrário estaremos lidando com o pseudo-ceticismo.

Ora, como a ingestão de medicamentos dinamizados, da maneira como farão, poderia ser considerado uma prova definitiva da falibilidade da Homeopatia, como desejam, se nem sequer segue os princípios básicos desta. Qualquer um que dedicou algumas horas de estudo à Homeopatia saberá que a vantagem terapêutica desta não se encontra nas dosses massivas de medicamento, como o é na Alopatia. É um erro, e do mais crasso, avaliar uma técnica sobre o paradigma de outra.

Poderemos ir mais fundo nesta análise. No site AteusdoBrasil, que apoia vigorosamente a iniciativa discutida em texto publicado dia 31/01/11, vemos como são desrespeitadas as premissas do ceticismo, já citadas, além de tentarem denegrir a opinião daqueles que discordam deles, de maneira desnecessariamente grosseira. Fica claro a falta de tolerância e diálogo que os mantêm afastados de observar as evidências do funcionamento da Homeopatia, mesmo se o for feito de maneira clara e incontestável.

Portanto, apesar deste exercício de reflexão ser importante para fundamentar a escolha pela Homeopatia, devo admitir que muito pouco foi exigido para a contra-argumentação, visto que em nenhum momento essas críticas, tão mal estruturadas, se colocaram ao lado de uma investigação séria e em conforme com o pensamento científico tão pregado e tão pouco praticado. Muitos são os estudos em prol da Homeopatia, mas é justamente por esta atitude de intolerância, muito difundida no meio acadêmico, que poucos tem a chance de serem amplamente divulgados.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Da Alopatia à Homeopatia

Olá, Sou Camila Steck, nova veterinária a publicar textos aqui neste fantástico blog. Para começar, vou escrever sobre um assunto importante para quem faz a opção por um tratamento homeopático.
Frequentemente, nas primeiras consultas homeopáticas, observamos algumas dificuldades dos clientes / proprietários em compreender a nova abordagem que terá a condução do tratamento. É natural que isso ocorra, pois serão novos parâmetros de diagnóstico, de cura, de coleta de sinais e sintomas e de observação do paciente. Tudo diferente daquilo que se estava habituado.
Essa dificuldade ocorre porque estamos mergulhados em um paradigma mecanicista, que é aquele que predomina no mundo atual, e não conseguimos subir à tona para respirar.
Podemos retomar a analogia feita pelo Dr. Galvão: é como se usássemos óculos de lente azul, achássemos que a verdade e o mundo são azuis, mas não nos damos conta de que estamos usando óculos.
Quando tiramos os óculos estamos entrando no universo da filosofia. A filosofia é pressuposto de qualquer paradigma.
Nós usamos um paradigma como substrato filosófico, necessário para tornamos inteligíveis os fenômenos que observamos no mundo. Mas é preciso que as pessoas entendam duas coisas: que não existe apenas um substrato e que o substrato que somos ensinados a utilizar, desde a infância, muitas vezes sem perceber, é o do mecanicismo, cuja base histórica e filosófica pode ser compreendida.
O mecanicismo em medicina e em veterinária conduz o pensamento sob a ótica de que o organismo nada mais é que um complexo arranjo de sistemas mecânicos, hidráulicos, elétricos, etc. Todos os fenômenos da vida se resumem às manifestações físico-químicas, que se diferem da matéria sem vida apenas por uma organização diferenciada.
Na medicina, o Mecanicismo teve suas bases com o médico Galeno (129-216 d.C.) e posteriormente foi reforçada principalmente por Pasteur. Galeno retomou a lei dos contrários e a teoria da matéria pecans. Pela lei dos contrários, tratamos um sintoma provocando efeitos opostos ao dele, por exemplo, ao utilizarmos antiinflamatórios, antioxidantes, antitussígenos, etc. A teoria da matéria pecans constitui o primórdio da teoria microbiológica. Por ela, os indivíduos são criados perfeitos, o adoecimento provém de uma matéria externa, que causa a infecção e que deve ser “exorcizada” para que o indivíduo volte a ser puro.
Tanto a lei dos contrários quanto a teoria da matéria pecans tiveram grande arranque na época da revolução industrial e passaram a constituir as bases da medicina atual por formar um verdadeiro casamento com a emergente indústria farmacêutica. Era o fundamento necessário para que essa se expandisse.
O Mecanicismo acoberta também o mito do cientificismo e o mito do especialista, tão vigentes atualmente. Sobre esses mitos, podemos discutir mais tarde ou o leitor pode postar suas dúvidas que poderei esclarecê-las.
Com uma ótica diferente, o vitalismo constitui um outro substrato e a base filosófica da Homeopatia. Quando mudamos para um tratamento homeopático estamos saindo de um contexto mecanicista para um contexto vitalista. Sobre o vitalismo, um novo texto será produzido em breve, aguardem...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Observar - reaprenda o indispensável

        
        Depois da pausa para as Festas, aqui voltamos nós... Escrever!!!
        E me veio à mente escrever sobre a observação, justamente porque eu falava há pouco com uma cliente que no meu ver é a mais observadora entre todos! Ela realmente CONHECE OS CÃES QUE ESTÃO SOB SUA GUARDA.
     Conhecer... Isso facilita muito a observação, mas muitas vezes não temos esse privilégio. Portanto, reaprender a observar é algo fundamental para quem quer começar a tratar seus pacientes com homeopatia (seja médico ou veterinário) como para quem deseja ser tratado ou ter os animais tratados dessa forma. Para o médico homeopata, o cliente/paciente é um aliado, pois é ele quem fornece as informações que irão nortear a busca pelo melhor medicamento.
        Se uma pessoa leva seu cão ao veterinário ou o chama em casa e ao ser indagado sobre os pormenores da doença, simplesmente diz que não sabe e que o cão fica no quintal sempre sozinho, o que poderá o médico fazer? Nos baseamos em sintomas, modalizamos os sintomas e quanto mais raros e peculiares eles forem, mais facilmente encontraremos o medicamento em questão. No caso acima, não quer dizer que o animal não será medicado, mas certamente a busca pelo remédio será mais tortuosa. Mesmo porque, claramente a relação homem-cão neste caso não é das melhores...
       Ops! Modalizar sintomas é buscar neles algo de único. Quanto piora, quando melhora, o que come, o que prefere, em que lado se apoia, etc.
       Com animais procuramos nos pautar em sintomas objetivos, ou seja, aqueles claramente observáveis e jamais interpretados. Os cães não verbalizam, portanto a sutileza da observação deve ser acurada, por isso a Homeopatia é chamada Arte Médica (por outros fatores também).
       Quando a pessoa inicia um tratamento para si ou para um animal do qual cuide, é comum que no início se perca um pouco nessa observação, mas incrivelmente a pessoa reaprende a olhar e ver realmente. 

       Desde o início eu escrevi "reaprender", por que? Simplesmente porque a observação é uma faculdade natural dos seres, mas os seres humanos urbanos têm abafado esse "dom". Não precisamos exercitar a observação atualmente, pois fomos colocados dentro de caixas e somos tratados como massas e não como indivíduos. Não se fala mais em características individuais, mas estatística do comportamento, padrões. Então, para submetermos um ser vivo ao tratamento homeopático, devemos nos retirar desses padrões, esquecê-los e voltarmos a enxergar os indivíduos como seres completos, peculiares e únicos. Enxergar com todos os sentidos, pois observar não é só olhar, mas tocar, cheirar, escutar, sentir.

        Hoje é isso! Para os que têm cães, ler livros sobre comportamento da espécie é muito útil. Não ler não o impedirá de levar seu animalzinho no veterinário homeopata, mas ler, dará a você outra dimensão do seu companheiro.

Abraços!!!